quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

It's all in the details

Ainda hoje me surpreende a importância dos pormenores.

Ao fim de tantos anos a viver dentro desta minha cabeça constantemente em rebuliço, constantemente a observar tudo e todos e a perder-me em mundos que vou criando e esquecendo com uma volatilidade ridícula, ainda me surpreende como há simples pormenores que fazem parar e sorrir.

Bem sei, é parvo. É parvo pensar que as coisas possam perder a importância com o tempo mesmo quando há pensamentos e viagens a voar a mil à hora aqui dentro. Mas não sei explicar. Surpreende-me.

E surpreendem-me tanto o reparar como os pormenores em si. Surpreende-me a capacidade que um simples detalhe, um momento que para tantos passa despercebido, tem de provocar um branco, uma limpeza brutal em todo o pandemónio na minha cabeça e fazer-me sorrir.

E quem diz sorrir diz outras coisas menos viris!

Hoje falo disto porque me esqueci da música que estava a ouvir ao ver a cara dos cromos que a tocavam a deixarem-se perder no som, a rirem ou a praguejarem quando se enganavam. Aqueles gesticulares de quem explica ao colega do lado "Sim sim, eu perdi-me. Sim naquela parte. Não, a outra!", e tudo sem falar!

Digo hoje também porque uns sorrisos de galhofa ao telefone me lembraram de cumplicidades e conversas e silêncios e parvoíces em geral. Me lembraram da importância que uma só pessoa pode ter, da volta de 180 graus que uma forma diferente de pensar deu à minha vida e me contagiou e relembrou de olhar o mundo à procura de alguma magia. Da esperança que uns segundos de silêncio preocupado me deram depois da vida trocar as voltas e mudar as regras do jogo e ver que há quem fique mesmo quando tudo muda.

E falo disto também porque cada vez mais nos últimos tempos tenho estado atento aos pormenores genuínos de quem está à minha volta. Da gargalhada desbravada ao sorriso sacana de quem trama alguma, da aleatoriedade do sentido de humor à partilha do que se ouve e se lê de especial por aí, da lealdade de quem até há pouco tempo era "só mais um" ao companheirismo dos amigos de longa data e da família que está lá sempre.

Cada vez mais estou certo que a beleza desta vida está nestes pormenores.


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